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    O estranho morcego orelhudo marrom, descrito pela primeira vez em 1916 no Brasil e não visto desde então, foi redescoberto por uma equipe de pesquisadores. Capturado no Refúgio de Vida Silvestre Campos de Palmas em 2018, o morcego foi identificado como esta espécie rara, revelando sua presença em diversos terrenos e altitudes, embora seu estado de conservação permaneça classificado como Dados Deficientes devido a ameaças de habitat.
    Crédito: Cláudio et al.

    O estranho morcego marrom orelhudo, Histiotus alienus, foi descrito pela primeira vez pela ciência em 1916, pelo zoólogo britânico Oldfield Thomas. Este relato foi derivado de um único exemplar encontrado em Joinville, Paraná, região Sul do Brasil.

    Por mais de um século, nenhuma outra captura do espécies foi reportado. Foi identificado apenas pelo seu holótipo, um exemplar único que representa as características físicas e moleculares da espécie, abrigado no Museu de História Natural de Londres, Reino Unido. Agora, depois de um século, a espécie foi redescoberta.

    Cientistas Dr. Vinícius C. Cláudio, Msc Brunna Almeida, Dr. Roberto LM Novaes e Dr. Ricardo Moratelli, Fundação Oswaldo Cruz, Brasil e Dr. Liliani M. Tiepolo, e Msc Marcos A. Navarro, Universidade Federal do Paraná, Brasil publicaram detalhes sobre o avistamento em um artigo na revista de acesso aberto ZooKeys.

    Durante expedições de campo do projeto de pesquisa Promasto (Mamíferos do Parque Nacional dos Campos Gerais e Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas), em 2018, os pesquisadores capturaram um exemplar de morcego orelhudo no Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas. Para capturá-lo, eles usaram redes de neblina – equipamentos empregados na captura de morcegos e aves – instaladas na beira de um trecho de mata. Quando o compararam com o morcego marrom-orelhudo tropical (Histiotus velatus), comumente capturado na região, descobriram que não era nada parecido.

    O espécime não identificado de morcego orelhudo foi então coletado e depositado no Museu Nacional do Rio de Janeiro, Brasil, para estudos posteriores.

    Histiotus alienus Asas abertas

    O estranho morcego marrom orelhudo, Histiotus alienus. Crédito: Cláudio et al.

    Depois de comparar este espécime intrigante com centenas de outros morcegos marrons de orelhas grandes de quase todas as espécies do gênero, os pesquisadores conseguiram identificar conclusivamente o morcego como um estranho morcego marrom de orelhas grandes e confirmar seu segundo registro conhecido. “Como a descrição de diversas espécies do gênero tem mais de cem anos e é um tanto vaga, as comparações e os dados por nós apresentados ajudarão na correta identificação dos morcegos marrons orelhudos”, afirmam.

    O estranho morcego marrom de orelhas grandes tem orelhas ovais e alargadas, conectadas por uma membrana muito baixa; coloração marrom escura geral na pelagem dorsal e ventral; e cerca de 100 a 120 mm de comprimento total. Esta combinação de caracteres mais se assemelha ao Morcego Marrom Orelhudo do Sul (Histiotus magellanicus), em que a membrana que conecta as orelhas está quase ausente.

    O único registro conhecido do estranho morcego-orelhudo até agora foi em Joinville, estado de Santa Catarina, sul do Brasil, que fica a cerca de 280 quilômetros de onde foi avistado em 2018. Até o momento, sabe-se que a espécie ocorre em diversas áreas. terrenos, desde densas florestas tropicais até araucárias e matas ciliares e pastagens, em altitudes desde o nível do mar até mais de 1.200 m de altitude

    Este aumento na distribuição da espécie, no entanto, não representa uma melhoria no seu estado de conservação: a espécie é atualmente classificada como Dados deficientes pela União Internacional para a Conservação da Natureza. Seu habitat, a altamente fragmentada Mata Atlântica, está atualmente sob pressão da atividade agrícola.

    Mas ainda há esperança: “O novo disco do H. alienus em Palmas está em área protegida, o que indica que pelo menos uma população da espécie pode ser protegida”, escrevem os pesquisadores em seu estudo.

    Referência: “Redescoberta de Histiotus alienus Thomas, 1916 um século após sua descrição (Chiroptera, Vespertilionidae): extensão de distribuição e redescrição” por Vinícius C. Cláudio, Brunna Almeida, Roberto LM Novaes, Marcos A. Navarro, Liliani M. Tiepolo e Ricardo Moratelli, 14 de agosto de 2023, ZooKeys.
    DOI: 10.3897/zookeys.1174.108553

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